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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MENINO AZUL




O menino quer um burrinho

para passear.

Um burrinho manso,

que não corra nem pule,

mas que saiba conversar.



O menino quer um burrinho

que saiba dizer

o nome dos rios,

das montanhas, das flores,

— de tudo o que aparecer.



O menino quer um burrinho

que saiba inventar histórias bonitas

com pessoas e bichos

e com barquinhos no mar.



E os dois sairão pelo mundo

que é como um jardim

apenas mais largo

e talvez mais comprido

e que não tenha fim.



(Quem souber de um burrinho desses,

pode escrever

para a Ruas das Casas,

Número das Portas,

ao Menino Azul que não sabe ler.)



Cecília Meireles

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